Sobre caixas e gambiarras – dois anos depois

Peço licença para fazer um post festivo. Há dois anos eu escrevia meu primeiro texto para o Ideia de Marketing. Com o propósito de celebrar a gambiarra como meio de promover uma educação mais desafiadora e participativa, tentei contagiar meus leitores com o meu amor pela Cultura Maker. Muita coisa mudou desde então, mas a minha fé na educação permanece inabalada.
O movimento mão na massa chegou às salas de aula timidamente, mas é seguro dizer que, atualmente, a filosofia Maker já faz parte do pensar pedagógico de muitas escolas.
As instituições de ensino que optaram por incluir em seus planos pedagógicos a cultura da gambiarra criativa, da curiosidade e do protagonismo, colhem hoje os frutos dessa decisão na forma de alunos empoderados, críticos e com espírito coletivo.
Dois anos se passaram e além da minha alegria de fazer parte da família Ideia de Marketing, também festejo alguns movimentos que considero notáveis na educação. São eles:
A valorização da colaboração no ambiente escolar
A aprendizagem colaborativa e em rede tornou-se peça chave na construção de saberes. Em um relatório, publicado pela The Economist e realizado em parceria com a Google, a habilidade de trabalhar em grupo aparece como a segunda mais importante para o sucesso profissional e pessoal de um indivíduo. Na sala de aula não é diferente. A colaboração e o pensar coletivo encorajam alunos e professores a debaterem suas ideias e a pensarem criticamente sobre suas ações e aprendizado. O conteúdo gerado coletivamente é rico em cargas afetivas e contribui para a criação de vínculos a partir das trocas entre os envolvidos.
As emoções são cada vez mais bem-vindas na sala de aula
É sabido que o aprender é uma combinação de aspectos cognitivos, emocionais e sociais.
A gestão das competências socioemocionais – como a empatia, resiliência, perseverança, curiosidade e outras – resulta em uma maior humanização no aprender e do ensinar. O bem-estar individual e coletivo atua como mola propulsora na exploração do conhecimento e inibe a acomodação. O aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer seria inatingível se deixássemos as emoções do lado de fora da escola.
A inovação na área de tecnologia educacional tem surgido a partir da desconstrução de concepções e práticas
Felizmente, a cultura do “sempre foi assim” perde forças e cede lugar à desconstrução de práticas que se mostram improdutivas na educação. É permitido experimentar. A sala de aula deixa de ser um santuário hermético e impenetrável e ganha ares de laboratório. À medida que novas pedagogias, ferramentas e saberes chegam ao conhecimento coletivo, nos permitimos a ressinificar práticas e concepções para acolher essas novas formas de aprender e ensinar. E se não der certo? E se não der certo, a falha vira mais uma oportunidade de aprendizado. O erro pode ser celebrado também!
Quando escrevi que a educação precisava de uma velha e boa gambiarra, não imaginava que veria a adoção do pensar criativo e mão na massa de forma tão abrangente e feliz. Que venham os próximos dois anos, preferencialmente em companhia do Ideia de Marketing e com muitas alegrias na construção do conhecimento coletivo. E para você, quais foram as mudanças que mais favoreceram as salas de aula?