O marketing político e o jeitinho brasileiro

“Eu também tive um sonho / um sonho brasileiro / numa roda de samba Martin Lutherking tocava pandeiro! Trecho da Música – Jair Oliveira”.
Hoje abordo o tema voltado para política com um certo desapontamento, afinal todos sabemos que o marketing é e deve ser usado de forma inteligente e direcionada para o bem. Mas tratando de política e pelo que observamos no andamento das eleições, visualizamos que o marketing passa a ser um vilão nas campanhas.
Seguindo a linha de que existe uma diferença entre o marketing político e o marketing eleitoral, já apontada em outro artigo do IDEIA, reflito que o uso do marketing na política está mais voltado para ataques aos adversários e discursos de medo do que propriamente da construção de uma campanha estruturada e inteligente. Me desculpem os marqueteiros políticos, mas o Brasil está muito longe de poder usar esse conceito e trabalhar ações que sejam dignas de elogios.
Podemos observar que a maioria das ações dos políticos não ultrapassa o limite do público de massa, com menor análise crítica e questionadora e ao mesmo tempo investe o discurso em itens gerais de segurança, educação e saúde de forma vaga. Sem contar naqueles políticos que usam de piadas, fantasias e deboches que chegam a ser ridículos e aos olhos de outros países somos vistos como piada pronta como na reportagem da CNN onde esculacham a nossa política – e com razão.
Vejo como grande falha nesse formato a falta de ação coordenada da população crítica de rever o formato da política de forma inovadora e progressiva, somos passivos diante desses velhos políticos e aceitamos um modelo defasado e com muitos problemas, cito alguns abaixo:
- Falta de políticos inovadores e empreendedores que liderem mudanças verdadeiras
- Visão de que cargo político é visto com uma mordomia
- Muitos cargos para pouca ação e retorno para a população
- Na visão atual, o político bom é aquele que tem presença nas sessões e implanta leis razoáveis.
Precisamos renovar de forma ordenada a política brasileira, seja um meio de mudança e inovação, e utilizar o marketing para criar eleitores mais críticos e construtivos ao invés de passivos. As ações brutais na metade do ano por alguns segmentos não refletem a mudança e apenas mostra mais uma vez que o jeitinho brasileiro é o de fazer barulho e pouco resultado.
Algumas ideias ótimas já foram levantados no cenário político, mas ainda faltam eleitores interessados e políticos honestos para essas mudanças. Alguns exemplos de ações que poderiam ser feitas:
- A reforma política que nunca sai;
- Acabar com a possibilidade de reeleição;
- Redução da quantidade de políticos em 2/3 dos cargos;
- Cobrança por resultados;
- Punição severa para políticos corruptos;
- Redução salarial dos políticos em pelo menos 80%;
- Limitar o financiamento privado de campanhas e que a prestação de contas seja em tempo real, não posterior à campanha;
O marketing político deveria ser usado como ferramenta de relacionamento com o eleitor e agregar valor na campanha, trazendo ideias, soluções e auxiliando um diálogo construtivo e saudável, não colocando picuinhas e discussões ofensivas em vista de prejudicar o outro. Não é à toa que horário eleitoral é visto como piada e motivo de risos e os debates promovem uma indignação na população tamanha que afasta ainda mais a consciência dos eleitores do conhecimento de política.
A melhor orientação recente que vi sobre política, foi do Prof. Oriovisto, que pertence a um grupo de ensino de Curitiba que resume todo esse artigo e o que penso sobre os políticos que desonram o termo do marketing político.
“Acredito que quase todos querem apenas ganhar um bom salário, não ter compromisso de horário de trabalho, gozar de mordomias, empregar amigos e parentes, enfim, tirar vantagens do cargo e ainda serem respeitados como autoridades. Não vejo servindo ao povo, antes os vejo servindo-se do dinheiro dos impostos, tirado do povo, para pagar suas mordomias e aposentadorias gordas e precoces.” – Prof. Oriovisto (Entrevista ao Jornal Gazeta do Povo – 03/10).
Qual a sua atitude perante as urnas que fez nossa política se tornar melhor para os próximos ano? Você lembra em quem votou e vai acompanhar os candidatos? Porque, enquanto muita gente discute quem pode mudar o Brasil como presidente, muitos não refletem que o estrago maior já pode ser sido feito com a eleição dos cargos de deputados, senadores e governadores…
Como profissional de marketing, concordo plenamente o que diz seu artigo. Mas apenas uma questão: o nome é “marketing político”, mas não é feito por profissionais de marketing, e sim por publicitários. O Correto seria denominarmos “publicidade política”. Isso é o que vemos. Agora eu vou pedir perdão para os publicitários que estão lendo, mas alguémjá viu algum profissional da área de marketing levantar a “bandeira” e dizer “eu sou um profissional de marketing e vou fazer o verdadeiro marketing político?”. A resposta é não. Muito além disso, vê-se hoje publicitários de campanhas anteriores sendo acusados de diversos crimes. hoje, se o político perde, a culpa é do marketing político dele. Mas se ganha, méritos para o publicitário da campanha. Abraços a todos e mais uma vez, parabéns pelo artigo.
[Reply]