Modelos de Negócio para o Mercado Editorial

Quinze dias passam voando, e aqui estou eu escrevendo outra vez.
Agora cumprirei a promessa que fiz em meu primeiro post, vou apresentar-lhes algumas ideias criativas para novos modelos de negócio voltados especialmente para a indústria do livro.
Por quê estou fazendo isso?
Para que escritores, editores e profissionais da área, aqui no Brasil, fomentem iniciativas capazes de viabilizar a produção de e-books e livros realmente inovadores, revolucionários e livres, sem ter de abrir mão do reconhecimento pelo trabalho realizado e da justa remuneração advinda deste trabalho.
E por incrível que pareça, essa equação é possível! Tanto quanto é possível criar cerca de 1700 figuras com as sete peças de um Tangram.
Como?
É preciso saber se desapegar para que um modelo de negócios muito melhor possa nascer e beneficiar toda a sociedade.
Desapegar-se do quê? – Você poderia me perguntar.
Desapegar-se dos preconceitos e manter os olhos, a mente e o coração bem abertos a fim de reconhecer que existe um movimento de resgate do bem-estar comum por meio da cooperação, da coletividade, da comunidade e do compartilhamento livre.
Então você me pergunta: por que eu faria isso?
Porque, car@ amig@, estamos presenciando uma grande transformação na sociedade global: ela está saindo de um período de egocentrismo completo, para um ciclo em que se redescobre a alteridade e as vantagens que existem no fortalecimento das relações entre os pares, no fortalecimento da comunidade.
Deste modo, milhares de pessoas estão se dando conta de que se a nossa sociedade não estiver bem, a nossa vida pessoal também não estará. E não importa o tamanho do muro, ou a quantidade de câmeras de segurança instaladas em nosso feudo, jamais estaremos seguros ou felizes.
Não acredita nisso? Veja o que já está acontecendo pelo mundo, conheça a pesquisa e as ideias de Rachel Botsman.
Mas vamos ao que interessa aqui, os modelos de negócio.
1. DISCUSSÕES SOBRE NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO NO BRASIL
No Brasil o editor que melhor tem pensado sobre a questão do livro, na minha humilde opinião, é Jorge Sallum da Editora Hedra. Ele falou um pouco sobre o seu plano de negócios em uma entrevista concedida ao REA (Recursos Educacionais Abertos).
Segundo suas próprias palavras, a intenção da Hedra é:
“Produzir uma linha de livros didáticos abertos, sob licenças CC-BY ou CC-BY-NC. Nossa intenção é fazer livros e ferramentas abertas que permitam a reedição do material coletivamente.”
Quando questionado sobre como viabilizar este modelo de negócio, Jorge responde:
Trata-se de um “Plano de negócio amplo, que só se viabilizará se conseguirmos editar livros para a rede pública de ensino com a ajuda da sociedade civil, de maneira colaborativa. É algo ambicioso, reconheço, e para isso precisamos de muita colaboração, parceria e financiamento. Precisamos envolver prefeituras, organizações não governamentais, programadores e principalmente professores. E estamos trabalhando para isso. A Hedra se associou com a Kow, uma empresa de TI com ênfase em automação editorial, e pensamos agora em como fazer com que um livro didático possa ser editado de maneira colaborativa e em rede. Também procuramos nos associar a escritórios de produção de material didático que atuam para as principais editoras, para que esses livros tenham exatamente a mesma aparência e qualidade do que há no mercado. Por outro lado, temos procurado nos inteirar da discussão sobre educação democrática e autogestão, pois acreditamos que haja muito em comum entre a forma de pensar material didático assim e uma educação descentralizada.”
Eis um editor refletindo sobre sua profissão, seus negócios e sobre a sociedade em que vive. Leia a entrevista na íntegra e vamos nos inspirar.
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Já que estamos falando de educação e mudanças na sociedade, assistam esse vídeo esclarecedor, que defende a “ética hacker para a educação”, apresentada por Alex Primo, e conheça o perfil desta nova geração de leitores:
Além disso, se você gostou do vídeo, pode entender melhor o que é o fanfic aqui.
Agora, exemplos de novos modelos de negócio: para que o nosso ganha pão não seja uma barreira à livre, leve e enriquecedora construção social do conhecimento:
http://oxisdoproblema.com.br/?p=569 (China)
http://unbound.co.uk/ (Inglaterra)
http://www.indiegogo.com/projects?filter_category=Writing (EUA)
http://henryjenkins.org/2011/11/brian_clark_on_transmedia_busi.html (EUA)
Por enquanto é só, espero que este post tenha cumprido sua missão: encher o seu coração de esperança e a sua mente de boas ideias.
Grande abraço para todos, até daqui a quinze dias! E que possamos começar o Ano de 2012 com o espírito Iluminista dos primeiros impressores!!
“[…] A internet permite o acesso imediato ao livro, no tempo e no espaço, e é isso que os editores, em sua essência, sempre procuraram.
Editores, obviamente, cujo espírito remonta ao iluminismo, quando a luta se dava para imprimir, distribuir e divulgar qualquer obra. Foi a luta pelo acesso ao livro, e não pelo livro em si, que removeu montanhas desde as reformas religiosas protestantes. E a rigor, os editores mais identificados com a palavra do que com a tinta e o papel, com a criação de novos espaços públicos de reflexão, discussão, ensino, entretenimento e qualquer forma de leitura, enfim esses editores deveriam abandonar o copyright e passar a pensar em como fazer negócios de forma diferente, pensando mais no serviço do que no controle, na ampliação da informação e, obviamente, do seu mercado.” [ Jorge Sallum, op. cit.]

Deixo aqui um agradecimento especial para Aline Frederico que releu o texto ontem de madrugada, qdo meus olhos já nem estavam mais se mantendo abertos. Obrigada, Line!! Beijo Tereza Kikuchi
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Tereza querida, valeu por nos encher de esperança também! Às vezes a gente se enche do modus operandi do mundo atual, mas é preciso parar, respirar fundo e continuar na direção da coletividade.
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Oi Laura, obrigada pelo incentivo. Vamos, sim, construir juntos, um caminho alternativo para que o trabalho na indústria editorial seja cada vez melhor em todos os sentidos!
Grande beijo,
Tereza Kikuchi
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DEMAIS ESSE POST!
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Tereza Kikuchi Reply:
janeiro 26th, 2012 at 17:38
Luis, muito obrigada.
Vc está convidado a participar das reflexões sobre o tema. Montamos um grupo no LinkedIn: Novos Modelos de Negócio – http://www.linkedin.com/groups?home=&gid=4235006&trk=anet_ug_hm&goback=.gmp_4235006
Seja bem-vindo.
Além disso escrevi uma carta aberta aos profissionais do setor de livro, se puder ler e compartilhar suas ideias, será uma grande alegria.
http://www.advivo.com.br/blog/thkikuchi/carta-aberta-aos-profissionais-da-industria-do-livro
Abraços,
Tereza
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